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VALOR EXATO 26.02.2021
Influência do Ambiente e os Determinantes da Riqueza
O mês de fevereiro de 2021 parece espelhar circunstâncias semelhantes àquelas vividas em fevereiro de 2020. A diferença é que a sociedade pode aprender com as novas necessidades produtivas, o novo comportamento ajustado do consumidor e novas convenções sociais. Contudo, apesar de existir tanto aprendizado, isto não significa que a percepção de incerteza esteja menor!
O sentimento de incerteza está associado a períodos de médio e longo prazo, quando há alterações substanciais na condução econômica das empresas, de Governo e ambiente internacional. No curto prazo, as condições econômicas e sociais tendem a se apresentarem mais estáveis e, dessa forma, o passado imediato é uma boa referência para o curto prazo.
Tal conexão entre o passado recente e o futuro próximo foi quebrada com a nova variante do vírus, segundo constatado pelas Autoridades de Saúde Pública. Como consequência, o ritmo econômico e as condições de isolamento se tornam mais associadas.
Quanto maiores as necessidades de isolamento, menor o ritmo econômico e maior a instabilidade dos vínculos ocupacionais. O contexto a destacar é que o ambiente externo está influenciando mais do que já influenciou os agentes econômicos nos últimos anos ou décadas.
É difícil propor eventos de tal magnitude nos últimos trinta anos para o Brasil de forma a se estabelecer comparações. Portanto, quando o ambiente externo influencia e altera as circunstâncias do curtíssimo prazo, diferentemente do que é esperado, a percepção de incerteza se eleva.
O meio mais efetivo de tratar a incerteza é se voltar aos determinantes básicos da atividade produtiva. Os determinantes consistem na riqueza humana e não humana: 1) terra; 2) capital físico na forma de ativos; 3) trabalho; 4) tecnologia. A combinação de tais riquezas permite, em condições normais, encontrar meios otimizadores que viabilizam uma atividade produtiva.
O ambiente atual está alterando a lógica de otimização de uso de recursos e, portanto, as decisões econômico-financeiras tornam-se mais suscetíveis. A questão então é analisar as adaptações que viabilizam a subsistência da atividade no curto e médio prazo.
Idealizar adaptações exclusivamente para o curto prazo pode tornar uma atividade pouco resistente ao futuro próximo; ultrapassar o médio prazo (cenário idealizado de oito a doze meses) é arriscado devido a imprevisibilidade dos mercados.
A atividade produtiva pode ser alterada radicalmente uma vez ou duas no curto espaço de tempo, mas não pode sofrer alterações bruscas sucessivamente. O aprendizado e funcionamento produtivo, o contexto dos contratos, os vínculos e outros possíveis aspectos são elementos favoráveis à estabilidade da atividade nos seus diversos segmentos. As adaptações estão exigindo do empresário um comportamento empreendedor, um tanto mais distante do funcionamento sistêmico das atividades produtivas.