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A INFLAÇÃO E SEUS EFEITOS
O comportamento dos preços no Brasil afetou rapidamente o poder de compra da população. O Quadro 1 abaixo apresenta a evolução mensal da inflação desde junho do ano passado. No período dos últimos 12 meses, a taxa de inflação mensurada pelo IPCA atingiu 11,73%.
O IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos. Essa taxa, aliada a não correção da Tabela do Imposto de Renda, reduz a renda da população que é destinada aos gastos correntes e a possibilidade de uma poupança maior por parte das famílias.
Empresas sem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) utiliza o não pagamento de tributos para assimilar a alta de preços e melhor a competição por preço no mercado. Por outro lado, empresas com CNPJ, em segmentos de elevada concorrência, acabam por reduzir a margem de lucros sobre as vendas.
Na ocupação empresarial do trabalho por conta própria, com ou sem CNPJ, o efeito é assimétrico quando comparado ao das empresas. A razão é que o trabalho contratado através de profissionais que atuam por conta própria se baseia em especialidades, confiança estabelecida entre as partes, padrão de qualidade conhecido e disponibilidade de atendimento ou de oferta de mercadorias.
Trata-se assim de uma oferta de trabalho que não encontra exatamente um mercado secundário com mensurações comparáveis tão fáceis de preços para contratação.
As Tabelas 1 e 2 apresentam as variações porcentuais com relação ao comportamento da taxa de inflação do mês de maio de 2022. É observável que somente o segmento da habitação sofreu desinflação, ou seja, redução dos preços na grande maioria das regiões apuradas.
A negociação de aluguéis se tornou muito mais competitiva dado o efeito da pandemia e a decisão de maximizar os espaços de moradia e trabalho se tornaram um meio de economizar a renda pessoal.
O segmento da educação (Tabela 2) também sofreu com a pandemia e as negociações e descontos das mensalidades se tornaram constantes. Nos segmentos de transportes, vestuários, alimentação e bebidas as taxas foram positivas ao longo do mês de maio. Com o aumento dos combustíveis, a renda pessoal foi afetada direta e mais rapidamente, porque os preços mudam em função de uma política setorial internacional.
Nos segmentos de cuidados e despesas pessoais e comunicação as taxas de inflação são positivas. Os custos de plataformas digitais voltaram a subir e os serviços de telefonia tem se tornado competitivos, mas há correções de preços.
Logo, defender a renda, a capacidade de trabalho, os custos de mobilidade e de saúde se tornaram estratégicos às famílias. Os gastos com saúde aliados a boa alimentação são os mais estratégicos do que todos. Ao defender a qualidade desses dois tipos de gasto, a família pode melhorar o desempenho de trabalho, criatividade e bem-estar.
Nesses segmentos, a orientação é agir sempre preventivamente. Tanto com relação à sintomas quanto ao tipo de alimentação. Quanto esta última, as informações coletivas sobre o consumo saudável de alimentos são amplas e merece uma atenção especial por parte da população.
Finalmente, uma questão que tem ganho importância é a combinação do “Home Office”, moradias – trabalho e deslocamento. A mobilidade urbana é essencial à condição básica de vida. Contudo, o planejamento para circulação quando é feito com cuidado, permite gerar economias ao orçamento familiar.
Manter automóveis tornou-se muito custoso ao orçamento. Contudo, a circulação por transporte público quando combinada com automóveis permite um grau maior de liberdade. O preço dessa liberdade pode ser reavaliado quando considerada as distâncias entre os locais de moradia e trabalho.
Com a melhora dos preços das moradias, a integração dos espaços domésticos e de trabalho e o custo dos combustíveis, há motivos para um pensamento mais estratégico de médio prazo pelas famílias.
A condição de mudança de locais de residência é uma questão patrimonial, mas devido ao comportamento dos preços dos itens analisados é oportuno uma reflexão estratégica das possibilidades para redução de gastos.
TABELA 2 – IPCA POR REGIÕES BRASILEIRAS
|
Saúde e Cuidados Pessoais |
Despesas Pessoais |
Educação |
Comunicação |
Índice Geral |
Aracaju (SE) |
0,48 |
0,48 |
0,1 |
-0,17 |
0,74 |
Belo Horizonte (MG) |
1,19 |
0,7 |
0,16 |
1,26 |
0,27 |
Belém (PA) |
1,49 |
0,8 |
0,15 |
1,42 |
0,36 |
Brasília (DF) |
0,96 |
0,54 |
0,12 |
0,44 |
0,31 |
Campo Grande (MS) |
1,04 |
0,36 |
0,01 |
0,32 |
0,27 |
Curitiba (PR) |
0,89 |
0,21 |
-0,06 |
0,9 |
0,38 |
Fortaleza (CE) |
0,92 |
0,43 |
0,02 |
1,3 |
1,41 |
Goiânia (GO) |
1,51 |
0,96 |
0,02 |
0,46 |
0,37 |
Grande Vitória (ES) |
0,89 |
0,38 |
0,06 |
1,19 |
-0,08 |
Porto Alegre (RS) |
1,04 |
0,36 |
0,08 |
0,5 |
0,47 |
Recife (PE) |
0,69 |
0,43 |
0,03 |
1,1 |
0,55 |
Rio Branco (AC) |
1,29 |
0,88 |
0,38 |
0,55 |
0,21 |
Rio de Janeiro (RJ) |
1,25 |
0,33 |
0,04 |
0,64 |
0,56 |
Salvador (BA) |
0,73 |
0,86 |
0,15 |
0,96 |
1,29 |
São Luís (MA) |
1,08 |
0,54 |
0,07 |
1,79 |
0,28 |
São Paulo (SP) |
0,93 |
0,51 |
0 |
0,45 |
0,35 |
Brasil |
1,01 |
0,52 |
0,04 |
0,72 |
0,47 |
Fonte: IBGE. Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).