INFORMATIVO ECONÔMICO ACISC - 18 de novembro de 2020

As exportações de São Carlos e a taxa de câmbio

O saldo da balança comercial de São Carlos entre janeiro a outubro de 2020 apresentou saldo positivo de US$ 117.54 milhões de dólares. As exportações caíram 7% em relação a 2019 e as importações recuaram em 29,6%. Portanto, o saldo comparativo entre os dois anos é melhor em 2020. Segmentos empresariais que conseguirem encontrar ou desenvolver fornecedores internamente encontrarão vantagens em termos de custos de produção, evitando-se o custo em dólar.

Diante do barateamento da moeda brasileira, observa-se na Tabela 1 que o país embarcou muito mais quilogramas em mercadorias, mas não obteve proporcionalmente mais receitas. Este é o resultado de uma economia que não muda seus fundamentos, ou seja, não se atualiza e não proporciona aumento de produtividade do trabalho.

Tabela 1 – Valor Exportado por São Carlos em Dólar e em Quilograma

Fonte: Banco Central do Brasil.

Logo, se o saldo e a dinâmica do comércio exterior é positivo para São Carlos, é necessário compreender que estruturalmente a economia brasileira continua a depender da remessa de quantidades mais do que agregar valor ao preço. Logo, quanto menos incrementar a educação, o ensino técnico de qualidade profissionalizante e atrasar o processo de distribuição de renda, menor capacidade de desenvolver seu próprio mercado interno.

Para explicar o efeito temporal da taxa de câmbio, é preciso recorrer a um conceito bastante técnico, mas que traz benefício para compreensão das autoridades e empresários da cidade.

A taxa de câmbio significa a cotação entre duas moedas estrangeiras. A formação da taxa cambial mais recorrente é a cotação entre a moeda nacional, no caso o Real, e a moeda internacional, dólar. A pergunta básica é: quanto vale US$1 dólar em reais ou quanto vale $1 Real em dólar?

No dia de hoje são necessários R$ 5,36 para adquirir um dólar e apenas US$ 0,186 centavos de dólar para adquirir R1,00. O comportamento dessa cotação interfere nas exportações, importações, entrada e saída de capitais. A cotação entre moedas depende, por sua vez, de outras variáveis que precisam ser explicadas para se compreender o comportamento das exportações de São Carlos nos últimos anos.

A denominação correta para a taxa que define a capacidade competitiva para exportar é a taxa de câmbio efetiva real (TCER). A taxa de câmbio, como explicado, é a cotação no período selecionado, ou seja, uma relação de preços domésticos e externos. Quando os preços de um país ou no exterior mudam, a cotação também se altera. A denominação efetiva significa o conjunto de países com os quais, por exemplo, o Brasil transaciona. Então, se for alterado o grupo de países com quem o país mantém relações comerciais, os preços nacionais e os internacionais entre o Brasil e este novo conjunto atualizado no comércio exterior também será alterado. Finalmente, temos o conceito real, ou seja, a relação de preços nacional/internacional, isto é, a inflação doméstica e a inflação internacional.

No Gráfico 1 apresenta-se uma série mais recente da Taxa de Câmbio Efetiva Real. O Banco Central crio esta série no ano de 1994, e o índice inicial foi 100. A partir daí tanto os países que fazem parte do comércio com o Brasil quanto os índices de preços são atualizados mensalmente.

Em janeiro de 2018 o índice atingiu 99,48 e no mês de setembro de 2020 o índice está em 148,9. A questão é como interpretar! Em janeiro de 2018 o dólar tinha menos poder de compra do que em 1994. O mesmo dólar de 1994 tem mais poder de compra com relação a setembro de 2020, ou seja, US$ 100 de 1994 compram R$ 148,90 em setembro de 2020. Quanto mais ascendente estiver a curva, ou seja, quanto maior for o índice mais depreciada estará a moeda brasileira.

É por esta razão que São Carlos, assim com o Brasil, mantém o saldo comercial positivo: a competividade está melhor por conta do barateamento da produção e achatamento dos lucros empresariais.

GRÁFICO 1 - Taxa de Câmbio Efetiva Real

             Fonte: Banco Central do Brasil.